quarta-feira, agosto 23, 2006

Habermas e mestrado

Semana passada fui falar com Sergio Amadeu sobre um possível mestrado. Ainda não entendi muito bem o por quê, mas estou com vontade de fazer um mestrado e, como estou há um tempo longe da faculdade e não tenho lá um grande histórico acadêmico, fui falar com ele pra ele ajudar com as minhas idéias.

Primeiro tinha dúvidas se minhas idéias, ou insights como ele chamou, eram interessantes/relevantes ou não passavam de obviedades ou simplesmente viagens.

Depois queria saber ser era um tema focado o suficiente e se ele conhecia algum professor que pudesse me orientar.

O papo foi muito bom, Serginho foi muito apreensivo, ouviu bem e me orientou legal. Por fim me recomendou que lesse Habermas. Mais especificamente "Mudança estrutural na esfera pública". Essa leitura, segundo ele, vai ser a prova de fogo pra ver se eu vou querer mesmo encarar a bronca.

Já comprei o livro e estou começando a ler. Devo ir postando aqui minhas impressões.

Pra compartilhar, aqui vão uns rabiscos sobre meu tema de mestrado:
. O Fim da credibilidade dos meios de comunicação
A internet está cheia de mentiras, de informações erradas e etc. A internet não tem credibilidade nehuma, e isso é bom. Bom porque, ainda hoje em dia, os meios de comunicação tradicionais carregam uma credibilidade cristalizada em si mesmos. "Passou na TV é verdade". A internet tende a levar a credibilidade de volta para as pessoas. "Eu confio no que tal pessoa escreve", ou mesmo, "eu confio em tal site...". Nunca: "eu confio na internet". Hoje, não interessa quem fala, estando nos meios de comunicação tradicionais, têm credibilidade (falando de público em geral). - esse tema tem muitos desdobramentos... como a publicidade roubando a credibilidade do jornalismo.. etc...


. O receptor ativo
Para esse novo modelo de comunicação funcionar, não basta uma multiplicação de produtores (o que já está acontecendo). Tem que haver uma mudança de postura dos receptores. Quero falar do receptor ativo não só como o cara que agora tb tem a oportunidade de ser emissor, mas do cara que, para ser receptor, tem que fazer um movimento em busca daquilo que ele vai receber. As coisas não chegam até ele mais em um horário certo, sempre no mesmo canal. É preciso que as pessoas aprendam como ir atrás do que querem. É preciso que as pessoas criem suas próprias redes de confiança, baseadas nas coisas que elas querem... Indo mais fundo. É preciso que as pessoas saibam o que elas querem.


. Impessoalidade x Pessoalidade
Ao contrário do que muitos pensam, de que a popularização da internet e dos meios de comunicação p2p vai fazer com que as pessoas não saiam mais de casa, façam tudo pelo computador, virem seres cada vez mais sedentários e entreguem suas relações sociais sempre a intermediação da tecnologia, queria abordar que vejo um movimento contrário:
1. como no tema sobre a credibilidade dos meios, vejo um movimento para relações mais pessoais na internet do que em qualquer outro meio (troca de arquivos p2p, redes de confiança, etc.)
2. Do ponto de vista da produção cultural, por exemplo a música, vejo uma maior valorização da performance ao vivo. As músicas em formato digital tendem a estar disponíveis para quem quiser na rede. Os músicos serão menos valorizados por sua produção em estúdio do que por sua performance ao vivo. A experiência real de ver alguém cantando será muito mais valorizada com a banalização do acesso a gravações. Isso já é realidade com músicos que ganham a vida de shows e disponibilizam suas músicas na internet. Jorge Furtado, quando perguntaram pra ele o que ele achava de saber que tinha gente assistindo ao filme dele em casa, antes da estréia no cinema, disse que não se importava. "Não é isso que eu faço. Cinema implica em a pessoa sair de casa, se deslocar, entrar numa sala, com uma tela grande, escuro, sistema de som, e se entregar por duas horas a uma experiência"...

. Muita informação causa desinformação?
Essa é a grande crise do pessoal de comunicação hoje em dia. Como fazer com tanta informação que tem na internet?? Queria explorar a questão do receptor ativo aqui, mas também o papel dos agregadores, as pessoas que vão filtrar tanta informação e se tornarão _nós fortes_ da rede. Algo como os DJs, que selecionam músicas, mas pra todas as áreas: fotos, noticias, informações, videos, etc... (alguma coisa sobre isso aqui no blog do ff: http://metareciclagem.org/fff/?p=3444
Leo,,

Um comentário:

Anônimo disse...

passou na tv eh verdade.
paul virilio: espaço crítico e velocidade e política.

a questao do receptor ativo tah mal formulada. eh preciso que as pessoas saibam o que querem não eh tese, eh caso de psicólogo. heloisa buarque de almeida.

a tese eh o furtado!

e o dj... mas não porque seleciona, mas porque cria um ambiente.

eh, se tu entender o habermas, a credibilidade vira esfera pública....